A REVOLUÇÃO DOS JASMINS CONTRA AS AUTOCRACIAS
O mundo árabe se manifesta...
A Revolução dos Jasmins teve início na Tunísia, governada pelo ditador Zine El Abidine Ben Ali por 23 anos, e serviu de exemplo para os países árabes. Teve início com a morte de um jovem e logo se alastrou e em algumas semanas se estendeu como um rastrilho de pólvora para vários países árabes como Iêmen e, sobretudo, o Egito vivem hoje, revoltas com características revolucionárias. O cientista político, filósofo e presidente do Instituto Magreb-Europa, Sami Naiir, aponta como 1º fator alimentador da revolta o fato de que o medo mudou de campo. É o poder que enfrenta agora um povo que perdeu o medo.
A cultura das democracias ocidentais sempre tratou os países árabes como incapazes de assumir um destino democrático. Este é o discurso depreciativo do capitalismo liderado pelos EUA e UE (União Européia) através da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que apóiam regimes ditatoriais para manter a estabilidade nos países árabes a fim de evitar emigrações e garantir as fontes de recursos petrolíferos. Os EUA e UE estão em sintonia com o discurso dos ditadores árabes que sempre repetiram: “Nossos povos carecem de maturidade política e cultural e, por conseguinte, não podem ter acesso à democracia”. Tunísia, Argélia, Mauritânia, Iêmen, e Egito não só desmentem estes argumentos como também abalam desde a raiz as ditaduras que governam esses países há décadas com mão de ferro e privilégios exorbitantes. Os protagonistas desta onda de aspirações democráticas são a classe média, os setores menos favorecidos e os jovens, que se organizam por meio da internet. Demonstram que não compactuam com autocracias longevas respaldadas historicamente pelo ocidente.
Segundo Sami Naiir, pelo menos no séc. XX, a América Latina foi o laboratório dos povos. A Revolução Russa não pode ser entendida sem a Revolução Mexicana. Os latino-americanos inventaram todas as formas de lutas possíveis e imagináveis. Na América Latina se experimentaram as guerrilhas, as lutas políticas, os despotismos e as ditaduras. A partir dos anos 80 e 90 as ditaduras caíram em quase todos os países da América Latina. Esse movimento contra as ditaduras se estendeu para os países do Leste Europeu a partir de 1989 com a queda do Muro de Berlim. Agora, esse movimento de fundo que se iniciou na América Latina está atingindo todos os países da orla árabe do Mediterrâneo e, mesmo além, na Península Arábica, como está acontecendo no Iêmen.
O problema é que, ao contrário ao que ocorreu na América Latina, o movimento que está acontecendo nos países árabes não tem direção, programa e organização. É espontâneo. Para Sami Naiir, trata-se de um movimento que quer destruir a idéia de que estas sociedades estão condenadas a viver com o perigo extremista e fundamentalista, por um lado, e por outro, com a ditadura, que seria uma suposta garantia necessária contra esse perigo fundamentalista. Agora, está se demonstrando que o problema é muito mais complexo e que estes países não querem experimentar nem o islamismo e nem o fundamentalismo, mas sim que desejam a democracia. Porém, as situações são peculiares. Exemplo: a Tunísia é um país com tradição laica(*) com uma elite muito forte e camadas sociais muito unidas; no Iêmen impera um sistema tribal baseado na dominação despótica de um clã. A única coisa similar entre os dois países é o grau de dominação e a forma de controle apoiada na polícia e no exército.
(*) O laicismo é uma doutrina filosófica que defende e promove a separação do Estado das igrejas e comunidades religiosas, assim como a neutralidade do Estado em matéria religiosa. Não deve ser confundida com o ateísmo de Estado. O Estado laico tem que se assumir neutro, equidistante das diversas opções social e culturalmente possíveis e, designadamente, incompetente em todas a matérias que relevam da crença e/ou da convicção – sempre individual e particular – dos indivíduos que compõem a sociedade que o estabelece e legitima, reconhecendo-lhes e assegurando-lhes, contudo e em toda a sua extensão, o direito de livre e autonomamente se organizarem e afirmarem associativamente pelas diferentes afinidades identitárias que entre si entendam fazer relevar social e culturalmente.
O caso do Egito é muito particular. O Egito provavelmente é o mais antigo Estado de Direito do mundo. O Estado de Direito moderno foi criado por Mohamed Ali (Paxá), no final do séc. XVIII e no início do séc. XIX, ou seja, antes que os europeus soubessem o que era isso. Mas esse Estado foi destroçado pelos ingleses no Séc. XIX.
No Egito o exército desempenha um papel central liderado pelo ditador/ presidente Hosni Mubarack há 43 anos. Quem está sendo chamado a subsituí-lo é seu filho Gamal Mubarack que é um liberal não bem visto pelas forças armadas. Gamal Mubarack não inspira democracia e é temido pela possibilidade de o mesmo implantar um neoliberalismo, que encarna na verdade o domínio pelo governo e elites burocráticas. É o caso da China atual com uma ditadura neocumunista déspota com a prática de um liberalismo selvagem.
Os opositores revolucionários egípcios não querem uma república hereditária onde o pai ditador Hosni Mubarack nomeie seu filho Gamal Mubarack como futuro ditador liberal. Os opositores buscam a democratização da sociedade. Para eles, o filho é como seu pai. Não o querem porque já tem o exemplo da Síria onde o filho substituiu o pai e terminou instaurando um sistema mais ou menos liberal, mas com a mesma ditadura.
Não se sabe se esses movimentos continuarão avançando ou se param por aí. O certo é que as nações do mundo estão percebendo que os poderes podem mudar quando os povos querem mudar suas condições de vida e ousam enfrentar o poder para escolher o seu próprio destino. Querem mudança de regime, o fim da corrupção e da ditadura.
O que está ocorrendo é também uma conseqüência da globalização. A globalização é má socialmente,mas tem algo bom, que é a globalização dos valores democráticos nas sociedades civis.
Fonte: www.planetaosasco.com...
O texto é muito bom. Resume bem como todas as manifestações começaram. O que mais me chamou a atenção foi a força que o povo tem de mudar o que não está de acordo com o seu pensamento. Pois povo que luta unido sempre apresenta uma maior força, logo isso deixa duas alternativas para os chefes de Estado: concordar com as mudanças desejadas pelos manifestantes ou resistir e provocar uma guerra não necessária.
ResponderExcluirGostei do texto, mostra as reivindicações da população e fica a interrogação de o que vai ocorrer daqui pra frente. Achei interessante o modo como o povo se organizou e se rebelou por uma causa em comum, povo esse que até então era visto como subordinado de seus governos. O que também me chamou a atenção foi o estopim disso tudo e o fato de não ser apenas uma classe envolvida. Fica a dúvida de como esses países se reorganizarão em questões políticas e até ecônomicas, etc.
ResponderExcluirMaiara Both
Essas revoltas são tristes porque muita gente inocente acaba sofrendo, morrendo ou se machucando, mas acredito que devem servir de exemplo para o povo brasileiro que não tem voz ativa perante seu estado. Deveríamos lutar pelos nossos direitos e protestar para que as coisas mudem, pois se ninguém se mostra incomodado, as coisas nunca mudarão.
ResponderExcluirDe fato o que escreves é uma grande verdade. Se acompanhamos os movimentos que dos povos do Oriente e da própria Europa podemos notar que somos um povo muito pacífico. Não mostramos nossa indignação. Não mostramos nossa insatisfação. Nãom tornamos público nosso descontentamento. A hsitória nos mostra que as grandes mudanças surgem dos movimentos na manifestação das indiginações... Pelo visto, o Brasil está perfeito.
ResponderExcluirO texto é muito bom, pois ele retrata como tudo começou. Achei muito interessante que o povo não cedeu e não cederá; Como a Maiara disse não se sabe como continuará e quando acabará, porém acho que os presidentes acabaraão sedendo e dando vitória aos protestantes, pois o povo está unido e mostrando força, como na Tunisia, Ben Ali foi precionado e acabou saindo temporariamente do cargo.
ResponderExcluirGreicy Colling
O texto é muito bom, pois fala como tudo começou e mostra a força que o povo tem, que mesmo estando sobre ditadura eles mesmo assim se rebelam para conseguir os seus direitos. Vários países já estão desistindo do seu regime político e logo mais países acabaram cedendo a vitória para o povo.
ResponderExcluirO texto e muito bom,pois nos ajudou a entender mais o que esta acontecendo no orinete medio e na africa...ver que aquele povo estava cansado da autocracia imposta por esses ditadores.
ResponderExcluirMaria Helena
Um texto muito claro que retrata uma triste realidade. Muitos inocentes são mortos ao defender uma luta por melhores condições em seu país, tendo que pagar o preço por tudo o que os líderes do governo fizeram, tentando por um fim nessa situação e garantir uma vida digna aos seus descendentes.
ResponderExcluirgostei muito do texto, ele nos fez entender mais sobre o mundo árabe e as revoltas contra a as ditaduras.
ResponderExcluiro que mais me chamou atenção, foi no segundo parágrafo, onde o autor afirma que o mundo ocidental vê o mundo árabe não capaz de lidar com uma democracia e diz que a ditadura é uma forma de "estabilidade". Penso que aqui entramos em choque, pois numa declaração da secretária norte-americana Hilary Clinton, foi dito que os EUA apoia os manifestantes do irã, citando ajuda pela internet via twitter*. Pois bem, se para um caso é um modo de repressão e a outro é apoio, é evidente que é puro jogo de interesses. Todos sabemos que esses paises sao grandes produtores de petróleo, e, com um regime neoliberalista e um bom governo, em pouco tempo , podem vir a se tornarem grandes potências mundiais, assim, acabando com o imperio da UE e dos EUA.
Acho que agora é a hora da parte árabe do mundo mostrar o seu valor e, num futuro bem proximo, fazer dos EUA e a UE o alvo de xenofobia que são agora.
*http://www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5jPwhqkllO1GeqQHn8E0GbWqzrBSg?docId=CNG.a41fb1a52e885b2417de92436f1310b6.371